Qual é o estado emocional da vítima ao chegar à delegacia?
Quando as crianças chegam para
mim, já passaram por outros profissionais. Então, muitas vezes, ela vem repetir
o que já disse para o policial, mas elas ficam muito ansiosas. Meu atendimento:
primeiro eu faço uma entrevista com a mãe da vítima, para conseguir pegar o
histórico dela, pois na maioria das vezes, a mãe já possui histórico de abuso.
Depois de conversar com a mãe, eu falo, tranquilamente, com a criança. Isso é
difícil, pois como eu preciso esclarecer exatamente o que ocorreu, preciso que
a vítima me conte exatamente o que aconteceu. Quando eu abordo o assunto,
percebo que a mesma fica muito angustiada, tímida e sem conseguir falar.
Qual é o estado emocional do abusador ao chegar à delegacia?
Eu não escuto o abusador; a
delegacia da mulher, às vezes, o escuta. Quando eu trabalhava no presídio de
Lajeado, eu fazia a escuta do abusador. Pela minha experiência, o estado
emocional varia, pois muitas vezes é um quadro patológico, ou seja, ele é um
psicopata, ou ele não tem um quadro patológico e fez isso uma ou duas vezes e
se arrependeu, ou até mais vezes, mas não chega a ser uma patologia. Sendo
assim, não existe um perfil de abusador.
Existem muitos casos de abuso aqui na região do Vale do Taquari?
Tem uma demanda grande.
Quando ocorre a denúncia? Logo no primeiro abuso, ou quando já
aconteceu mais de uma vez?
Varia, pois algumas mães
acreditam que isso não vai mais ocorrer, outras não perdoam e vêm logo na
primeira vez.
Qual é a média da idade das vítimas?
Também é variável, mas eu já
atendi crianças de dois anos até adolescentes de 16 anos. É claro que também
varia o tipo de abuso, pois o fato de o pai ter passado a mão nas partes
íntimas da criança, já é considerado um abuso.
Como é o processo depois de ocorrer a denúncia?
Após ocorrer a denúncia, é
encaminhado para a delegacia da mulher, onde é feita a escuta da criança e essa
avaliação dá suporte ao inquérito policial e é
encaminhado para o Judiciário.